O bicho-da-seda é a larva de uma mariposa. Quando nasce mede cerca de 2,5 mm de comprimento. Durante 42 dias alimenta-se sem parar, de folhas de amoreira e sofre quatro metamorfoses.
Quando atinge o tamanho de 5cm, começa então a tecer um casulo branco e brilhante, composto por um único fio. Com um movimento geométrico infinito, em torno de seu próprio corpo, após três dias de trabalho, estará envolta em um casulo confeccionado por um fio de aproximadamente 1200 metros. Se for deixada em paz... Em 12 dias se transformará numa borboleta.
Com esses fios, há quase três décadas, ando tecendo a minha história. Por um desejo simples, desprovido de maiores intenções, eis aqui um espaço onde me proponho a compartilhar minha trajetória e falar livremente sobre todo tipo de arte, incluindo a arte de viver.
Bem-vindos ao meu mundo, onde nem tudo é sempre colorido, transparente, leve, mas que guarda em si, todas essas possibilidades...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Todo prazo se cumpre


Enquanto preparavam a festa dos meus 15 anos, (coisa que levou 6 meses) eu sonhava secretamente com a festa dos meus ainda distantes, 50 anos. Nessa época eu não era feliz. Eu não tinha amigos e me sentia inadequada em todos os setores da vida. Meus colegas de escola gostavam de rock, eu só gostava de samba. Minhas amigas suspiravam pelos bonitões, eu sonhava com um rapaz tão especial, que julgavam nem existir. Todos queriam uma profissão que rendesse muito dinheiro, eu queria uma que me desse muito prazer. Minha mãe um dia desejou que eu fosse freira, depois que fosse bioquímica, depois que eu encontrasse um bom marido, enquanto que eu só desejava encontrar um caminho que fosse o meu. Minha adolescencia foi cruel, dolorosa e solitária. Sempre desejei ter 50 anos. Sempre me interessei pelas pessoas de 50 que julgava mais interessantes e felizes, então projetava a minha felicidade para essa altura da vida. Era como sonhar com tempo para realizar. Projetar e trabalhar com muito tempo, não apenas 6 meses. Não exatamente tempo para redecorar a casa, fazer o vestido e organizar a festa. Tempo para construir minha própria "casa", ser linda e segura com um vestido simples e um baton suave. Tempo para construir um brilho no olhar, para aprender a caminhar de salto alto... tempo para encontrar os convidados dessa festa, enfim tempo para fazer o motivo da festa.
Enfim, chegou o dia! Meus tão esperados 50 anos!
Hoje é dia de dizer: "Gracias a la vida que me ha dado tanto!"
Minha maior alegria é olhar pra traz e ver que tudo o que eu plantei, floriu.
Tive os filhos que desejei ter e eles se tornaram homens independentes e fortes que para minha satisfação, fazem uma grande diferença no mundo.
Encontrei o rapaz difícil de encontrar. Ele é exatamente como eu sonhei e ele me ama exatamente do jeito que eu preciso. Um amor tardio que entrou nos meus ossos e que anda comigo.
Consegui encontrar meu caminho, uma escolha só minha quando aceitei a arte, mais do que uma vocação, uma devoção e isso proporcionou-me uma vida rica, dinâmica e interessante
Nestes 50 anos, vivi exatamente a vida que escolhi. Vivi de acordo com meus valores, meus desejos, meus propósitos e para isso,conscientemente, me dispus a pagar todos os preços, correr todos os riscos e suportar todas as consequencias...
Encontrei meus Amigos e sem eles eu jamais poderia envelhecer assim tão lindamente.
Encontrei a Religião que satisfaz minha necessidade de Deus, que para alem, muito alem de me atender as orações desesperadas, produziu em mim transformação e me fez responsável por meu próprio crescimento espiritual
E o que ainda não está do jeito que eu quero? varias coisas, muitas coisas... mas para essas eu não tenho tanta pressa. O tempo passa... e todo prazo se cumpre.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Mudança




Eu estava doente.
Eu mudei o sentimento, a atitude, o medico, o trabalho, a roupa, o perfume, a cidade, a paisagem e o clima.
Eu joguei no lixo velhos papeis, as coisas quebradas e as que não servem pra nada.
Eu aumentei minha Fé e o numero de meus amigos.
Eu estou melhorando.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Tempo




Sussurra teu nome o vento
Sol
Areia
Mar
Tudo isso junto
Tudo isso ao mesmo tempo
Tempo...
Anda tempo
Meu corpo gritando
Razão
Pele
Sentimento
Tudo isso junto
Tudo isso ao mesmo tempo
Tempo...
Anda tempo
Anda!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Hoje to assim



Mais atrapalhada que cego em tiroteio...
Mais ansiosa que anão em comício...
Mais perdida que cebola em salada de frutas...
Mais assustada que cusco em canoa...
Mais vagarosa que tropeiro de lesma...
Apagada como fogão de tapera...
Extraviada como chinelo de bêbado...
Me sentindo solita como galinha em gaiola de engorde...
É que ficar longe do meu bem é mais difícil que nadar de poncho e dormir de espora sem rasgar lençol.

(expressões bem gauchescas a la Gislaine Marques do Caixa de Gis. Como somos amigas e eu sou catarinense, portanto quase gaucha, me arrisco a usa-las sem autorização)

sábado, 4 de julho de 2009

Lua Nova na FLIP



Neste ano a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP) homenageia Manoel Bandeira.
Abaixo, o meu poema preferido, hoje mais do que ontem.
Explico:
Eu tambem moro em frente ao aeroporto e preciso aprender a partir,
por uma necessidade urgente de lua nova


Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir.
Hei de aprender com ele
a partir de uma vez
sem medo,
sem remorso,
sem saudade.
Não pensem que estou aguardando a lua cheia
esse sol da demência
vaga e noctâmbula.
O que mais quero,
o de que preciso
é de lua nova.


Manoel Bandeira

terça-feira, 30 de junho de 2009

Frustração



Lamento informar que frustração está no cardápio de todo dia. Quem não aprender a engolir depressa e partir para a sobremesa, vai ficar sozinho amargando na frente do prato.

domingo, 28 de junho de 2009

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Tempo



O tempo não cura tudo.
Aliás, o tempo não cura nada.
O tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.

terça-feira, 23 de junho de 2009



A única coisa que realmente vale a pena é o sentimento.
Para mim, pintar é saber disso.

domingo, 21 de junho de 2009

Jornalismo e a polêmica decisão do STF



Quando da decisão do Supremo com respeito ao diploma de jornalismo, expressei a meu filho, que é jornalista, minha inquietação. Compartilho a matéria publicada por ele em resposta as minhas indagações

Filho
Quanto mais eu leio…
Menos eu entendo.
Por favor tome um tempinho para me esclarecer sobre a decisão do Supremo.
Beijo da mãe preocupada


Oi mãe,
Se há uma coisa que se pode afirmar com certeza nessa história toda do diploma de jornalismo é que você está mais preocupada com ela do que eu. Fora isso, há muito mais dúvidas que certeza. Mas, é claro, se você falar com um jornalista a respeito, vai ouvir assim, de forma segura e contundente, um “sou contra” ou um “sou a favor”. Os jornalistas, mãe, acostumaram-se com a equivocada idéia de que as histórias tem apenas dois lados e repetem isso num maniqueísmo adestrado.
Se eu ainda não falei isso a você, falo agora: a última coisa que você deve fazer para entender algo é começar a ler mais e mais sobre esse algo. Informação é como Mc Donnalds, tudo mundo sabe disso! Você se empanturra [promoção número 4 com batata grande + mcduplo + torta de maça + casquinha mista], dali a uma hora passa mal e dali a duas tem a sensação de que não comeu nada. Ainda mais na internet: [excesso de informação] = [mesma informação] = [nenhuma compreensão]. Daí porque deve mesmo ser verdade que quanto você mais lê, menos entende. Mas não se preocupe – há mais semelhanças entre você e um jornalista do que a possibilidade de exercer sem diploma a profissão.

Diploma?

Cá entre nós, se eu tivesse que ser assim também e marcar um X sobre uma das duas opções, eu votaria com o pessoal que é a favor apenas pela ideia de respaldo jurídico que o diploma ainda dava aos jornalistas. Mas, de fato, acho intrinsecamente infrutífera toda a discussão em torno do tema. Ela é como uma piscina de plástico montada no quintal em dias de verão. Entretém, ajuda o calor passar, mas não finda a estação.
Há um oceano de problemas mais cruciais que os jornalistas de verdade, com ou sem diploma, devem enfrentar se quiserem cumprir com responsabilidades esquecidas, reescrever sonhos apagados, resgatar romantismos perdidos, reposicionar funções deturpadas e remoldar ideais derretidos por esse calor do dia.

A favor do diploma:

É bem verdade que você vai encontrar mais gente a favor do diploma e contra a decisão do STF. Convenhamos, os nossos ministros, em nome da liberdade constitucional de expressão, rebaixaram a profissão de milhares de egos a um oficiozinho possível a qualquer um. Os jornalistas estão putos da vida porque agora não detêm mais aquele quê de exclusividade no acesso e na transmissão da informação e, se já era difícil para eles admitir tomar um furo de reportagem do concorrente (uma daquelas vaidades bobas que a idade deveria dar conta), quanto mais o será tomá-lo de alguém que tem um diploma de verdade ou de quem sequer tem um.
Pensemos: num mundo em que o capital estabelece as suas lógicas, tirar de uma classe de trabalhadores a pseudo segurança da reserva de mercado que os anos de faculdade deram a ela é como uma castração da identidade que estabelece sua função sócio-política. Quem são os jornalistas hoje? Olhe para o lado e você verá um, a lógica que se sustenta na decisão do Supremo.
Porém, é claro que os que são a favor não gostam de falar em reserva de mercado. Afinal, eles não estão preocupados apenas com os próprios empregos e com outros detalhes menores, mas sim com o futuro do jornalismo. Tanto é que eu recebi esse e-mail abaixo:
Protestos de estudantes e jornalistas contra a decisão do STF
Diretórios acadêmicos de várias faculdades de Jornalismo e Regionais do Sindicato estão convocando estudantes e jornalistas para uma manifestação de protesto na Capital e no Interior contra a decisão do STF, que extinguiu a obrigatoriedade do diploma universitário para exercício da profissão.
É impressão minha, ou os protestos deviam acontecer antes da decisão ter sido tomada?

Contra o diploma:

Uma minoria de jornalistas vota com o relator e presidente do STF, Gilmar Mendes.
A defesa da ideia de liberdade de expressão para acabar com o diploma parece ter cativado os corações. Mas, não nos enganemos. Ela é de fato só uma ideia se temos no país uma única corporação de mídia dominando bem mais da metade de toda a verba publicitária nacional em tv aberta e a cabo, no rádio, no jornal, na internet e agora também no celular. Os entusiastas da internet, blogs e redes sociais, como eu e você, dizem que ela veio para gerar democracia. Qualquer um fala… mas, alguém ouve? Em uma ainda pseudo liberdade de expressão online (e offline), o fim do diploma não garante nada.
Porém, o simbólico tem o seu papel a desempenhar. E os contra-diploma bem tomam a decisão do Supremo como uma espécie de redenção coletiva, como se agora tudo fosse mudar ou estivesse prestes a – as faculdades particulares deixarão de ser tão medíocres, as públicas abandonarão tanta cretinice teórica, os jornalistas serão mais conscientes de seu papel, as linhas editoriais dos jornais serão mais responsáveis, e até o leitor (que também é jornalista) passará a saber o que é bom e o que é mau, consumindo informação de maneira mais responsável.
Gilmar Mendes é uma espécie de santo missionário que falando em parábolas, comparou os jornalistas aos cozinheiros e fez a luz.



Valendo-me da promoção à jornalista que o ilustríssimo presidente do Supremo, a mim também concedeu, deixo aqui um pensamento simples...ou simplista se preferirem os meus caros leitores:
Um título, para que seja respeitado, ao meu ver carece de largas justificativas. Um curso de formação superior com formação de fato superior é no mínimo um bom começo. Mas o que esperar de um país cujo presidente é formado apenas na tal universidade da vida?
Assim sendo, resto-me aqui com minhas tintas. Sou artista plástica e posso garantir isso!

sábado, 13 de junho de 2009

Sobre o Amor



O melhor pensamento que já ouvi sobre o amor:

"Há quem busque a benção de encontrar o amor como uma solução para sua vida, mas o amor não é dádiva. O amor é premio por ter conseguido resolver seus problemas"

Isso calou fundo em mim porque foi assim...
Assim mesmo!

terça-feira, 9 de junho de 2009

sábado, 30 de maio de 2009

 

 

 

 
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Quando a arte cumpre seu papel



Havia muito tempo que eu não assistia um filme tão bom e na hora exata em que eu precisava dele. Quem não viu que não perca, é um primor em quase todos os aspectos. Quem já viu que não esqueça de ver de novo, especialmente num dia em que estiver sofrendo por coisas que perdeu ou que deixou de ganhar.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Virtude x Virtual


"Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto, a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas, como a companhia aérea oferecia outro café, todos comiam vorazmente,robôs, escravos do modernismo, ignorantes que estão vivendo, uma triste situação humana! Aquilo me fez refletir: Qual dos dois modelos produz felicidade? ao sair de casa encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã… 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, natação', e começou a elencar seu programa de garota robotizada.
Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!"Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Por isso as empresas consideram agora que, mais importante que o QI, é a IE, a inteligência emocional.
Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas.

Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem 60 academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito.

Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: ' Como estava a defunta?' 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade.

Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual e é muito seguro, não se pega Aids, não há envolvimento emocional, controla-se tudo no mouse. Trancado em seu escritorio um executivo pode ter uma namorada numa cidade distante, sem o compromisso de estar ali quando ela precisa dele, basta clicar offline. Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais, eticamente virtuais…A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções - é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é 'entretenimento'; domingo, então,é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, falta de estresse.Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas…Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno… Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald's…Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático'. Diante dos olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: 'Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz'".

sábado, 23 de maio de 2009

A presença de Deus



Este é o templo da Índia em Nova Delhi. Sua arquitetura simboliza uma flor de lotus. Os templos Bahá'ís tem nove entradas, cada um, pela simbologia da estrela e de que o número nove é o maior dígito, o número da perfeição. Assim conhecidos como Casas de Adoração pelos bahá'ís, esses templos são construídos unicamente para a realização de reuniões de orações. Não havendo nenhuma espécie de culto, é permitido a livre entrada de pessoas de todas as religiões. Lá, cada indivíduo é incentivado a recitar as palavras reveladas por Deus, sejam estas de Krishna, Moisés, Zoroastro, Buda, Cristo, Maomé, Báb ou Bahá'u'lláh. Os templos bahá'ís simbolizam a Unidade de Deus, Unidade de todos os Seus profetas e Unidade da Humanidade.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Candombe

É um ritmo afro-uruguaio que foi trazido à Paraty por mestre Roberto, o argentino mais uruguaio que eu conheço e que alem de construir os tambores, formar o grupo de percussão, vem embalando a minha vida...
Nesta apresentação na Casa de Cultura o grupo nos faz uma homenagem com toques de baião
Aumente o som, deixe-se envolver e depois me diga: não é muito "barulho" pra pouco tambor?




quarta-feira, 13 de maio de 2009

Feliz quarta-feira

 
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Hoje terminei um trabalho que eu adorei fazer. Uma reforminha nos banheiros de um certo bar... Gostei tanto que levei o dobro do tempo previsto. Recebi meu dinheiro antes do combinado. Paguei meu aluguel, fui ao supermercado buscar ingredientes para uma sopa nutritiva e enquanto ela cozinha la na panela, um violeiro toca e canta canciónes de esperanza e amor.
Ah! que vida tão querida!

terça-feira, 12 de maio de 2009

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Decepção



"Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por atitudes e gestos o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer ” oi " ou ” como vai ? "
Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que se deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.

Fácil é ser egoista e intolerante
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais. "

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Muito Obrigada!



Quando decidi escrever num blog, fui avisada de que isso nem sempre é uma rua de mão dupla. Que na maioria das vezes é um grito sem eco, portanto nunca imaginei que em menos de um ano, recebesse 10.000 visitas. Como não imaginava também, conhecer tanta gente interessante e receber tanto carinho. São as surpresas da vida de quem se arrisca um pouco.
Para uma edição comemorativa, resgatei três posts la do começo, que considero como textos relevantes para quem tem a paciência e o interesse por essa minha vida de artista.
Fica aqui a expressão da minha alegria e um abraço dos meus...

Começando pelo começo





O bicho-da-seda é a larva de uma mariposa. Quando nasce mede cerca de 2,5 mm de comprimento. Durante 42 dias alimenta-se sem parar, de folhas de amoreira e sofre quatro metamorfoses.
Quando atinge o tamanho de 5cm, começa então a tecer um casulo branco e brilhante, composto por um único fio. Com um movimento geométrico infinito, em torno de seu próprio corpo, após três dias de trabalho, estará envolta em um casulo confeccionado por um fio de aproximadamente 1200 metros. Se for deixada em paz... Em 12 dias se transformará numa borboleta.
Com esses fios, há quase três décadas, ando tecendo a minha história. Por um desejo simples, desprovido de maiores intenções, eis aqui um espaço onde me proponho a compartilhar minha trajetória e falar livremente sobre todo tipo de arte, incluindo a arte de viver.
Bem-vindos ao meu mundo, onde nem tudo é sempre colorido, transparente, leve, mas que guarda em si, todas essas possibilidades...

O Chamado


Rosane Queiroz nas dunas - foto Iara Venanzi

A idéia descabelada de eu ter um blog, nasceu na cabeça da Rosane Queiroz, editora de comportamento da revista Marie Claire, também autora de dois blogs, o Garotas de segunda (que é coisa de primeira) e o Miojo ( que é uma delícia). Como eu, ela é tão chegada numa conversa de botequim, que o marido até tem um e como ele também é meu amigo, não vai se importar por eu tratar assim, o charmozérrimo Che Bar de Paraty, onde num fim de noite, já na porta a sair, ela questionou sobre a certeza da profissão.
Naquela ocasião, pelo adiantado da hora, dei uma resposta curta. Depois ela abriu esse questionamento no Miojo ("O chamado") onde deixei um breve comentário, mas penso que o assunto merece mais. Agora eu tenho esse espaço e se você tem tempo...
Uma escolha que deveria ser natural acaba por ser uma das decisões mais angustiantes que uma pessoa tem que tomar. Uma aflição comum aos jovens vestibulandos que acaba se estendendo a veteranos e até a profissionais bem colocados no mercado de trabalho. Os testes vocacionais podem auxiliar nessa escolha, mas eu nunca vi um resultado que garantisse sucesso e felicidade pra ninguém. Parece que descobrir nossa vocação não basta, às vezes até complica mais, porque ninguém vem ao mundo com apenas uma. Esses testes poderiam antes de revelar aptidões, conduzir o indivíduo a criar uma lista de motivos. Sem saber por que e para que, uma pessoa quer ser alguma coisa, fica difícil descobrir que coisa é essa. Elaborar essa ordem de valores implica em coragem, honestidade e respeito consigo mesmo. Isso admito, não é tarefa fácil, visto que somos influenciados pelo capitalismo, que cria a todo o momento "necessidades", para depois satisfazê-las. Que somos uma civilização do imediato, em que só fomos treinados para valorizar os resultados e nunca os processos. Alem disso nos perdemos entre duas crenças opostas e igualmente distorcidas: Por um lado, uma cultura antiga que evoca o dever e depois, bem depois, o prazer. Se não tiver prazer, não tem problema, contanto que cumpra o dever, ou seja: desvincula trabalho, de satisfação, para associá-lo a sofrimento e ainda incute a idéia de que isso enobrece o homem. Por outro lado há uma massa que nega isso tudo e que se alimenta do que é fácil, esperto, lucrativo ou rápido. Os primeiros passam a vida arrastando correntes sem saber ao certo, se sentem orgulho ou pena de si mesmos. Os outros passam a vida tentando encontrar um jeito de conseguir mais dinheiro e de se aposentar mais cedo pra depois não fazer mais nada. Eu também fui vítima de uma dessas mentiras. A imensa culpa que sentia pelo prazer que as tintas me proporcionavam, enquanto minha mãe amargava e exauria à beira de um tacho de doce, me impediu por muito tempo, de pendurar o meu nome na placa. Levei anos para entender a arte como minha profissão (ainda que não passasse nem um dia sem um traço) e outros tantos para ser minimamente entendida.
Aos que encontram um caminho de satisfação, sucesso e certeza, resta então a justificativa do destino, do privilégio, da sorte? Não creio! Não pode ser assim! Não posso acreditar que as possibilidades foram sorteadas ou que uma pequena minoria, que porventura tenha feito algo que agradou profundamente a Deus, tenha sido chamada a ocupar cargos de felicidade.Creio que vocação vem de outros domínios... Mas a escolha é responsabilidade nossa e precisa ser correspondente à escala de valores de cada um. No meu caso, foi a clareza dos meus desejos e motivos o que definiu meu caminho. Ansiava um trabalho que tivesse um grande diferencial, algo muito especializado. Algo que me desse imenso prazer e senso de realização.Uma profissão que me ajudasse evoluir espiritualmente. Claro, havia outros motivos que ao longo do tempo foram trocando de posição na escala e até caindo fora. Porém o que era essencial sempre esteve no topo. Costumo dizer que eu não tenho a arte, ela é que me tem e não me larga e que vim ao mundo para pintar seda. Mas isso é apenas uma forma de dizer que estou entregue no caminho que eu escolhi. O que me orienta não é a arte ou a pintura em seda. O que me orienta antes de tudo, é a coerência entre o motivo, a arte e a seda. Tendo uma escala de valores e para as artes plásticas, vocação evidente, não foi difícil reconhecer o silêncio e a solidão de um atelier, como ambiente propício para a para minha evolução. Também não é de se surpreender que uma pessoa com as minhas pretensões tivesse inventado de pintar justamente seda, num tempo em que nesse país a única coisa nacional que havia, era a água para lavar os pincéis. "Sobre a seda me faço, me desfaço e me refaço" não é apenas uma licença poética. É na verdade a principal razão que eu tenho para pintar...
Acredito que as pessoas que não têm dúvidas sobre o caminho que seguem, são aquelas que conscientemente ou não, estão vivendo de acordo com seus valores, sejam eles quais forem.
Não posso sequer imaginar minha vida, exercendo uma profissão que eu não adorasse, em troca apenas do dito “pão nosso de cada dia”, como infelizmente é o caso da maioria. Reconheço a falta de oportunidades, a injustiça social e isso me dói. Mas a resignação das pessoas a esse sistema capitalista que pode levar à "falência" qualquer ser humano e a desperdiçar talentos que poderiam trazer tanto crescimento pessoal e fazer o mundo tão melhor, me dói muito mais. Alem disso, creio que o que eleva a condição humana, justifica a vida e traz felicidade, não seja o trabalho e sim o Serviço. Lembrando que trabalho é apenas um empenho de quem pretende algo, independente da natureza de seus propósitos e que Serviço é o trabalho de quem deseja fazer uma diferença, contribuir, crescer, aperfeiçoar, transformar, ter justamente, serventia no mundo, ser reconhecido e remunerado proporcionalmente aos seus esforços e a seu comprometimento.
E você, ainda não tem certeza?
Cala o mundo que o coração grita. Ah! Como grita!
Ps: Esse é um espaço de livre pensar, deixe seu comentário, conte sua experiência, discorde, acrescente.

O "imprescindível" currículo





Para a maioria das pessoas que quer saber, limito a dizer que: Desenhei e pintei desde a infância e tive uma formação não acadêmica quando trabalhei para uma industria têxtil, a "Artex" em Blumenau-SC. Daí desenhei para todo tipo de estamparia daquela região, especialmente cama-mesa-banho, até descobrir a bendita seda pura que me levou à Europa em busca de aperfeiçoamento técnico. Trabalhei para Instituto Português do Patrimônio em Lisboa e para Louis Fèrraud em Paris onde também recebi um prêmio de pintura em seda pela Artès Galerie. Na volta, trabalhei para Clodovil Hernandez,Isabel Cristina Gonçalves, Das Lu entre outros tantos estilistas e Griffes de São Paulo e Rio. Criei tecidos para atender projetos de arquitetos de interiores até chegar na cenografia e figurino da TV Globo, com destaque para a novela "O Clone" onde todas as sedas do núcleo marroquino, cenário e figurino, foram pintadas em meu atelier. Atualmente, além de continuar atendendo à moda e decoração, cenografia e figurino de TV e teatro, desenvolvo um trabalho de arte pura utilizando sempre a seda como suporte e blá, blá, blá...
Quem me conhece, sabe o quanto detesto fornecer o currículo. Penso que se uma obra não se garante por si mesma, nada e ninguém irá justifica-la. Sei que meu currículo já é respeitável. Sei que posso inclusive, estar conquistando o seu respeito e sua admiração, nesse exato momento. Se assim vier a acontecer, que não seja pelo texto acima. Antes seja pelo texto que seguira abaixo... por tempo indeterminado, a partir de agora.
Quando decidi ir para dentro da minha casa pintar seda eu não tinha muito, além de um desejo inabdicável de pintar seda. Naquela época, no Brasil não havia nada, nem grandes referências de pintura, tampouco materiais para tanto. Comecei com um kit trazido da Inglaterra por uma amiga, que claro, só serviu para apontar o caminho. De lá pra cá, salvo o tempo que vivi na Europa, minha vida se tornou uma busca incessante por obter os recursos para trabalhar bem, e isso vai muito alem desse breve comentário... Há muito pouco tempo, disponho aqui de tintas e materiais complementares. Foi só quando uma outra "louca" chamada Denize Meneguello, teve a ousadia de montar neste país, uma loja com produtos de qualidade para pintura sobre seda, que minha vida ficou mais fácil.
O trabalho acima foi realizado ainda em tempos de seca e eu gosto muito de contar sua história: É fácil deduzir que um artista que vive do seu trabalho, entretanto não dispõe de materiais acessíveis para trabalhar, não trabalhe. E que por consequência não tenha recursos financeiros para viver, que dirá, para importar suas tintas. Num dia, desses em que a gente está quase por desistir, por cansaço e por descrença, eu tomei meu único meio metro de seda, mais as gotas de tinta que havia e pintei esse peixinho aí em cima, com cara de quem não tem nada com isso. O corante para seda, depende de um processo de fixação à vapor que é o desespero de quem pinta. Um sofrimento parecido com o dos ceramistas que metem a peça no forno e ficam do lado de fora rezando para ela não se partir. Justamente nesse dia eu esqueci de rezar. Quando tirei a seda do vaporizador ela estava com as manchas d'água que danificam todo o resultado. Desolada, passei a desfiar a seda numa atitude de quem destrói. Não havia mais nada a fazer. Escrevi no meu diario a seguinte frase: "E do sonho de seda pura, só restaram alguns fiapos". No meio da noite, ao retornar atelier, percebi que a retirada dos fios horizontais, alem de disfarçar as imperfeições, dava um movimento e criava um efeito tridimensional fantástico. Acabava de descobrir uma nova e maravilhosa forma de me expressar que imediatamente foi aceita pelo arquiteto João Armentano e que me rendeu recursos para prosseguir e alcançar outros espaços importantes. A partir disso, ja não bastava pintar, era necessário desfiar a seda e isso requeria tempo e paciência. Assim, a nova descoberta acabou rendendo trabalho para outras mãos habilidosas que também não tinham acesso a muito nessa vida...
Com "aqueles fiapos" que me restaram passei a tecer uma nova historia. O que de melhor e de mais autêntico eu produzi nesses tantos anos, nasceu sempre do erro e do descaminho. Creio que está tudo certo, mesmo quando eu penso que não está...

quarta-feira, 6 de maio de 2009




Poema do amigo aprendiz
Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...
Fernando Pessoa

domingo, 3 de maio de 2009

Eu vou, ele vai, nós vamos

 

 

 
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"Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais"

Eu vou. Eu não tenho medo das mudanças. Eu não tenho medo do silêncio.
Eu vou virar bicho da seda de vez, porque bicho da seda é antes de tudo
Bicho do mato
Eu vou!